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terça-feira, 21 de abril de 2009

O negócio


NEGÓCIO s.m. (Do lat. negotium.) 1. Empreendimento comercial, industrial, financeiro. – 2. Transação. 3. Assunto, fato. – 4. Ajuste, questão.

Todo mundo sabe o que é negócio. Mas sabem o que é negócio negócio. A mercearia do Seu Antônio é um negócio, o que fazem na feira do troca-troca são negócios, tomar emprestado uma espingarda é um negócio, perigoso, mas é um negócio. . Mas se o assunto é “negócio qualquer coisa” aí agente tem um mistério a resolver.
Porque as pessoas tomaram emprestada a tal palavra e a empregaram em tudo que é negócio, digo situação.
“Aquele negócio que Maria falou” (negócio história”)
“Aquele negócio que ele pegou lá em casa” (negócio objeto”)
“A tampa traseira da mangueira do negócio” (negócio detalhe)

O negócio se tornou uma espécie de vale tudo linguístico. Você não sabe, não lembra, não faz idéia, usa o negócio.
Problema sério mesmo é quando se associa o negócio a um outro recurso de substituição: a coisa, aí lascou. Quando se quer entrar em detalhes mínimos, a junção das palavras é acionada. É necessária então uma compreensão do asunto tão apurada, tão geral que nem todos os mestrados e doutorados do planeta conseguem preparar o indivíduo para entender tal negócio, digo situação.
“A coisa do negócio tava, assim, coisada.” (A fronha do travesseiro estava assim, rasgada.)
“Ele coisou o negócio com o dente.” ( Ele partiu o cordão com o dente)
“Pega o negócio, aquela coisa, aquele negócio, a coisa em cima da mesa!! (Infelizmente não consegui interpretar esta sentença)

A verdade é que as pessoas utilizam maneiras de se comunicar incríveis. E dentro de um contexto sociolingüístico, surgem termos inacreditáveis, mas que fazem sentido para aquele grupo de falantes. É engraçado, criativo, divertido. São os verdadeiros inventores da língua. Aptos a desembaraçar qualquer negócio, digo situação.
César

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros. Vinha da boca do povo, na língua errada do povo. Língua certa do povo. Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil. Ao passo que nós o que fazemos é macaquear a sintaxe lusíada...”

Manuel Bandeira

2 comentários:

Bila disse...

O texto ficou um negócio arretado... ah... mas vc ainda naum me contou um negócio q ia me contar... conta... xero...

Otávio disse...

Essa negócio aí, nessa coisa, é muito supimpa, com essas frases aí bem coisadas... (Tradução ---> Esse tal de Blogspot, presente na Internet, faz o maior sucesso e é muito legal, principalente quando vem acompanhado de ótimo texto como esse.)