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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Como pessoa, eu sou mais útil.

Há alguns dias atrás eu assistia uma entrevista do cantor e compositor Gonzaguinha. Na ocasião ele foi perguntado sobre o fato de ser uma celebridade. Sobre isso, ele disse algo que me fez refletir sobre minha identidade: " Como pessoa, eu sou mais útil".
Eu comecei a pensar nas identidade que eu já assumi, afim de cumprir uma função profissional, social ou religiosa. Quantas vezes eu fui apenas um professor, um crente, um vizinho ou displicente  colega de turma. Não que qualquer um, não seja inevitavelmente estas coisas, mas  o problema está em ser unicamente estas coisas.
Além de mim, existem os políticos profissionais, os sacerdotes profissionais  ou  os profissionais profissionais.
Indivíduos que  abandonam a suas personalidades, suas humanidades, para se tornarem ícones de uma função ou instituição.
Não choram, se coçam ou têm insônia.  Não cheiram mal, dão risadas ou contam piadas.  Se resumem a cálculos, sermões e entrevistas. Não ousam assumir fraquezas  ou vontades pessoais.  Super homens e super mulheres sempre triunfalistas, inacessíveis  ao erro ou  à vida comum.
O problema mesmo é quando o profissionalismo contamina membros da família. Aí você encontra pais ou mães, que abandonaram o status de pessoas e assumira o único papel de genitores.
Conheço algumas mães que deixaram de ser pessoas.  Eram boas amigas, se relacionavam, tinham sonhos, eram gente boa.  Mas a maternidade, uma indiscutível bênção,  reduziu a pluralidade pessoal destas mulheres e elas foram transformadas simplesmente em mães profissionais. Sem vida social ou  projetos para o futuro. Seus destinos  se resumem em cuidar dos  filhos até que eles deixem de existir.
Preciso cuidar em permanecer  sendo pessoa. Em casa ou no trabalho. Na igreja ou no bairro. Minha família precisa me enxergar como pessoa que erra e acerta e que tem outras atividades e aspirações. Meus colegas de trabalho precisam me enxergar como alguém como nome, sobrenome e que  gosta de feijão com cuscuz.
Minha pessoalidade não pode sucumbir ao meu profissionalismo, paternidade ou função eclesiástica.

Preciso ser gente, afinal como disse o poeta, como pessoa, eu sou mais útil.

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